A GAFE DE UM LOCUTOR
Os meus grandes amigos Maria José Lacerda e Halley Antônio de Oliveira, hoje já de saudosas memórias, em seu livro “Frutal, Sua Fundação e Seu Povo” as folhas 17/18, nos informa que o Sr. Antônio Rodrigues de Souza criou em 1950, o Serviço de alto-falantes Souza. Jeová Ferreira, em “Original História de Frutal”, as páginas 122/123, nos dá conta de um outro serviço de alto-falantes, fundado em 1.942, de propriedade do Sr. José Rodrigues da Silva (Jujú), afirmando que o pertencente a Antônio Rodrigues de Souza fora criado em 1.947. Independentemente das datas exatas que os referidos serviços tenham sido fundados, lembro-me vagamente dos Alto-falantes do Sr. Jujú e muito bem do Serviço de Alto-falantes Souza, que era registrado no Departamento Nacional de Informações, sob o numero 12, e funcionava regularmente no período de 19:00 as 22:00 horas e aos domingos também no horário de 12:00 as 16:00. Lá pelos idos de 1955/58, um dos locutores do referido serviço de Alto-falantes, era o meu colega de oficina do Ruy Fontão, Valdete Albino da Silva, filho do Sr. Cazeca.
Um dia perguntei ao Valdete se eu poderia ir ajudá-lo, ao que ele concordou. Assim, sem ganhar nada, só pelo prazer de falar ao microfone, comecei a ajudar o Valdete, nos seus programas noturnos dos sábados e domingos, pois durante os dias da semana eu estudava no Ginásio Frutal. Nos sábados e nos domingos o Serviço de Alto-falantes era muito movimentado por causa dos famosos oferecimentos de musicas, do tipo – Alguém oferece para alguém e este alguém sabe quem – e assim por diante. O estúdio ficava em uma pequena sala no andar de baixo do predinho de dois andares onde o Sr. Antônio Rodrigues morava com a família, sendo que as cornetas ficavam em cima do telhado do mesmo prédio, localizado bem em frente da praça do Coreto, onde as moças e rapazes faziam o “Footing”. Com o tempo, fui aprendendo e ganhando confiança a ponto de substitui-lo algumas vezes. Confesso que no começo a gente mais tremia do que falava. Certo dia tive que substituir o Valete no horário diurno de um Domingo. Naquele tempo o Sr. Antônio Rodrigues, sonhando em transformar o Serviço de Alto-falantes em Rádio, havia colocado um transmissor a titulo de teste de forma que se podia sintonizar o Serviço pelo rádio receptor. Então, exatamente ao meio dia, sol rachado de quente, o som alto da marcha prefixo anunciava que o serviço de alto-falante estava entrando no ar e eu, todo entusiasmado e muito emocionando, abaixo o som do prefixo musical, abro o microfone e digo em voz forte: Este é o Serviço de Alto-falantes Souza, registrado do Serviço Nacional de Informações sob o número 12 – Senhoras e Senhores..., meu cordial, BOOOA NOIIITE! Ao perceber a gafe que havia cometido, abri novamente o som do prefixo, e deixei tocar até me refazer um pouco do susto e da vergonha, por tão constrangedora situação. Reaberto o microfone, apresentei as minhas desculpas e pus realmente o serviço no ar, mas depois daquele dia, não quis mais saber de microfone por um longo período.
Bem mais tarde, provavelmente no ano de 1.967, quando, juntamente com o Sr. Geter Trindade, explorávamos o então Escritório União, especializado em serviços de assistência aos Produtores Rurais, localizado exatamente onde outrora havia funcionado o referido Estúdio, tínhamos um programa na Rádio Frutal, denominado Boletim Rural, o qual foi por mim apresentado pelo pequeno período que ele ficou no ar. Foi a minha ultima convivência com o microfone.