Existem muitas profissões perigosas, mas como uma das mais perigosas, no Brasil, além da do policial militar, a de fiscal de tributos. Fui por mais de 40 anos, auditor fiscal dos Estados de Minas Gerais e de Goiás. Em Minas trabalhei 26 anos e em Goiás 15. Durante este tempo, passei por algumas situações constrangedoras, mas nunca cheguei a ser ameaçado por qualquer tipo de violência. No entanto, tomei conhecimento de várias histórias que passaram colegas meus quando em função de suas funções, principalmente quando em fiscalização de trânsito. Uma bastante hilariante aconteceu com um colega meu, quando em atividade no Posto de Fiscalização de Extrema, no sul do Estado de Minas Gerais, na divisa com o Estado de São Paulo. A região do sul de Minas é grande produtora de café, e como esta mercadoria é uma das mais cara do mercado cerealista, era costume dos comerciantes “atravessadores” transportar as sacas de café acobertadas com nota fiscal de outra mercadoria mais barata sonegando assim parte da tributação. Para a conferência do produto contidos nas sacas de aniagem, os postos fiscais utilizavam uma ferramenta, conhecida por “tucho”, constituída de um cano pontiagudo com uma abertura na ponta por onde descia uma pequena amostra do produto quando a ferramenta atravessada as sacas. Certo dia, este meu colega abordou um caminhão bem carregado com o produto café beneficiado. Na nota fiscal, no entanto, constava que a mercadoria era feijão. Assim que o “tucho” perfurou as sacas de café e o produto correu em suas mãos, o motorista do caminhão encostou o cano de seu revólver, calibre 38, nas costas do fiscal e disse: É feijão ou, não é? Muito assustado o colega respondeu gaguejando: Fe.. Fe.. Feijão roxinho do bão!